segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

3a Viagem Vitória a Porto Alegre - volta, dia 3

O último dia de qualquer viagem de retorno sempre corre o risco de ter seus passeios cancelados e o trajeto abreviado. É que bate um clima de "quero chegar logo" que muda todas as programações. Eu resisti à esse impulso e cumpri integralmente meu trajeto planejado. Como recompensa encontrei o que veio a ser o Roteiro 23 aqui do blog, um ótimo trecho para uma boa motocada.

Comecei o dia na Dutra, saindo de Queluz, cidadezinha que está praticamente na fronteira com o RJ. Finalmente um dia com tempo bom no horizonte e previsão igualmente boa!

Segui rodando pela Dutra até a descida da Serra das Araras. Essa descida, apesar de ser numa serra linda, não dá prazer algum porque é cheia de radares de 40 km/h e enormes caminhões queimando suas lonas de freio. Mas desta vez eu me permiti matar uma curiosidade que tinha de muitas passagens atrás. Parei a moto e subi para ver o que era o que sempre me pareceu uma espécie de santuário fechado, bem no início da descida. É uma construção abandonada em um local super privilegiado no topo da serra, com um visual belíssimo. Eu pensava que fosse algo religioso, mas não era. Talvez tenha sido um restaurante, não sei. Devia ser um lugar muito interessante, pena que fechou.

No final da Serra das Araras entrei para o Arco Metropolitano, nova estrada que evita ter que passar por dentro da cidade do Rio de Janeiro. Excelente! Duplicada, bem sinalizada, perfeita! Para quem quer só cruzar o Rio, sem ir na cidade maravilhosa, recomendo enfaticamente. No meu caso ela era o melhor acesso para a estrada que era objetivo do dia, a subida da Serra dos Órgãos pela BR-116. Desci ela na ida para POA, mas o tempo estava muito fechado para curtir os melhores visuais, e ficou um gostinho de "tenho que passar de novo".

Esse trecho de serra é belíssimo (veja o Roteiro 21 aqui do blog), e valeu muito a motocada. Em termos de pilotagem não é grande coisa, porque o piso é de concreto bem ondulado. Testa a suspensão de qualquer moto, especialmente o quanto ela "copia" o piso, absorve as irregularidades e mantém o pneu sempre em contato com o solo. Não recomendo encarnar o Valentino Rossi nesse trecho!

No entorno de Teresópolis parei para um lanche/almoço e para abastecer. E para decidir que trajeto faria dali para adiante. Tinha a opção de seguir o que indicava o roteiro planejado, subindo até Além Paraíba e seguindo pela BR-393 até a divisa com o ES, ou pegar a mesma estrada da vinda, passando por Nova Friburgo e tais e chegando em Nova Fidélis e Campos. Decidi por Além Paraíba pela distância e tempo de viagem. Já eram 12 horas e ainda faltavam 450 km para rodar. Por Nova Friburgo, seriam mais de 500 km. Aí deu aquela síndrome de chegar logo. Só que dessa vez ela foi benéfica, porque o trecho seguinte da BR-116, até a Além Paraíba, se revelou um paraíso motociclístico. Curvas fenomenais para se fazer entre 100 e 140 km/h, e nenhum radar sequer. Me esbaldei. Quase nem tirei fotos porque o prazer da pilotagem estava no nível máximo.

De Além Paraíba até a divisa com o ES a estrada fica um tanto menos divertida. Tem ainda muitas e boas curvas, mas tem muitas comunidades e quebra-molas. As condições do asfalto também variam muito, desde semi-destruída até recém recapeada. Mas tá melhor que da última vez que tinha passado pelo trecho, em julho de 2015, quando subi por Volta Redonda, Vassouras e Três Rios.

De Santo Antônio de Pádua até chegar perto de Guarapari sofri com um calor absurdo. Foram 39 graus em Apiacá, 38 graus no trevo de Cachoeiro. Adicione roupas de couro bem pesadas para imaginar a delícia que é. Só melhorou na Rodovia do Sol, onde estava fazendo suportáveis 29 graus.

Ao chegar na BR-101 encontrei os turistas que inundam o ES todo verão. Uns tantos indo para as praias, a maioria voltando delas para casa. E com eles, surgiram as barbaridades na estrada, que ainda não tinham aparecido. Perto de Cachoeiro um HB20 bateu de frente numa Hilux e eu devo ter passado pouco tempo depois do fato. A PRF já estava lá, mas a estrada estava cheia dos detritos, e os carros ainda em suas posições. Soube hoje que a motorista do HB20 morreu. Bom, pelo estado do carro era de esperar esse resultado. Partes do motor do carro estavam separadas do carro e espalhadas pelo asfalto.

Esse acidente e um grande congestionamento na BR-101 no sentido contrário me fizeram andar bem cauteloso nesse último trecho. Há poucos pontos de ultrapassagem e os motoristas vão ficando estressados uns andando atrás dos outros mais lerdos. E dão para fazer muita bobagem. Como eu sou um dos elos mais fracos da cadeia alimentar do desastre automobilístico, fiquei quase todo o tempo na borda da pista, quase no acostamento, ultrapassando só na boa.

Cheguei em casa pouco antes das 18:00, depois de 10 horas de pilotagem e 720 km rodados. Inteiro, feliz e muito satisfeito de ter cumprido todos meus objetivos na viagem! Foi um delicioso passeio, tanto a ida quanto a volta. No total rodei 5.292 km com a moto pelo Brasil. Tá bom ou quer mais? Eu quero mais!

Fotos desse dia.

Arco Metropolitano


A Serra dos Órgãos está lá atrás da moto!


Serra das Araras


A estrada tá ali, consegue ver?



O tal do santuário, restaurante, sei lá. Abandonado. Uma pena.




A belíssima Serra dos Órgãos e suas paisagens espetaculares.






Essa abaixo quem tirou foi um ciclista muito simpático e solícito. Gente boa que a gente encontra pelo caminho. Para manter a esperança na espécie humana.




Agora a estrada de Teresópolis a Além Paraíba.



Daí para diante não fotografei mais nada porque já tinha fotos da passagem de 2015. E também não apareceu nenhum grande visual imperdível.

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