domingo, 1 de janeiro de 2017

Viagem frustrada ao Uruguai

Bom, esse blog é "rods na estrada" e não "rods de moto na estrada", né? Então não preciso ficar só nas viagens de moto, embora sejam elas certamente as mais prazerosas.

Nessa virada de ano estávamos com uma bela viagem ao Uruguai agendada. De carro, com Márcia, Marcelo e Pedro junto, e mais meu pai, que é um dos melhores parceiros de viagem que eu já vi. A ideia era ir no carro dele de Porto Alegre a Montevideo, ficar lá quatro dias, depois ir para Colonia do Sacramento para mais dois dias, e daí voltar com uma escala em Bagé/RS. Todos os hotéis reservados há meses pelo Booking.com.

Só que... deu errado.

Saímos dia 28 de POA cedinho, conforme planejado. Pegamos a BR-116 sentido sul, para passar por Pelotas e atravessar a fronteira em Jaguarão.

A viagem seguia bem tranquila até uns 30km antes de Pelotas, já com mais de 2h de estrada. No meio de uma ultrapassagem de um grande caminhão, eu, que estava dirigindo, subitamente senti o carro perder completamente a tração. Totalmente. De repente me vi na faixa da contramão, a uns 110 km/h, com um caminhão do lado, um carro vindo em minha direção e completamente sem motor. Situação um tanto desesperadora. Pisquei centenas de vezes o farol para o outro carro perceber que havia algo errado. Para minha sorte quem percebeu que as coisas não iam bem foi o motorista do caminhão, que reduziu sua velocidade o suficiente para nosso carro poder passar. Eu não tinha tração alguma, estava só no embalo. Como o Honda Civic do velhão é automático, pelo menos não deu freio motor.

Entrei na frente do caminhão e fui direto para o acostamento. O carro já parou com o motor deligado. Abri o capô para olhar e não tinha nada visivelmente errado. Nenhum vazamento. No painel, nenhum código de falha ou luz de aviso. Tentei ligar o carro, o motor de arranque funcionava mas o motor não ligava, e ainda fazia um barulho estranho, áspero.

Pensando um pouco cheguei à hipótese de quebra da correia de comando. E consequente atropelamento das válvulas. Defeito sério pra caramba, que requer retífica do cabeçote do motor.

Acionamos a Seguradora Azul (Porto Seguro). Recomedaram levar o carro e nós de volta a Porto Alegre, e aceitamos. Ainda pensamos em ir de ônibus a Montevideo, mas a passagem era muito cara para quatro pessoas, e ficar sem carro e sem meu pai lá seria bem frustrante também.

Pensamos também em alugar um carro para seguir viagem para Montevideo no outro dia, mas eu queria primeiro resolver a situação do carro do meu pai. Não me sentiria nem um pouco bem saindo da bagunça no meio e deixando ele na fria. Além disso seriam dois dias de viagem perdidos.

Acabamos decidindo cancelar a viagem toda. Perdi a primeira diária, mas as outras foram canceladas por completo sem taxas.

A Porto Seguro ainda nos aprontou uma boa. Prometeram o socorro em uma hora, e o taxi também. O taxi chegou até antes da hora, já o socorro... nada. Liguei de novo depois de uma hora para saber por onde andava, e aí começaram as mentiras. Primeiro, tinha dado defeito no caminhão, e ia levar mais uma hora para vir outro. Pedi para chamarem outro de outra empresa, já que essa nem avisava os problemas.

Mais uma hora depois, nada de chegar o socorro. O cara do taxi ali na beira da rodovia esperando no sol conosco, e nada do guincho. Liguei de novo. Agora o caminhão estava a uns 90 km de nós, então levaria mais uma hora. Além da duas horas que já tinham passado. Reclamei mil vezes, ficaram me enrolando 50 minutos entre desculpas, "vou ver o que faço", esperas e musiquinhas. Ao fim das esperas, o caminhão estava a apenas 20km e não poderia ser cancelado.

Quando chegou o caminhão, em 5 minutos de papo com o motorista fiquei sabendo que aquele era o guincho desde o primeiro momento, e que a seguradora nunca cancelou ou tentou outro. Não tinha dado defeito algum. Eles sabiam desde sempre que demoraria três horas, porque o caminhão estava sei lá onde quando foi acionado.

Resolvido o guincho voltamos de taxi para Porto Alegre, onde chegamos depois das 17h. O motorista do táxi foi a simpatia em forma humana, aguentou tudo sem reclamar uma vez. Esperou duas horas conosco na estrada, nos levou em casa com conforto e segurança, e ainda voltaria para Pelotas no mesmo dia. Grande William!

No outro dia fui com meu pai na oficina saber do carro. Errei por pouco no diagnóstico. A correia tava íntegra, mas seu tensionador é que quebrou. O efeito é o mesmo - dessincroniza o motor, atropela as válvulas e ferra tudo. Teve que ir para retífica mesmo.

Alguns apontamentos da história toda:

- Dos males o menor - estávamos por fazer uma jornada de mais de 2000 km por um país estrangeiro. O defeito apareceu ainda relativamente perto de casa. Nem imagino a confusão que seria se acontecesse no trecho uruguaio. Aliás, fica a obrigação de checar a cobertura internacional do seguro numa próxima vez, seja de carro ou moto. Pelo menos para socorro mecânico.

- Seguradora é tudo uma bosta. Eu tinha a Porto Seguro como a melhor do ramo. Hora de rever meus conceitos. Atendimento cheio de mentiras, esperas infinitas e promessas não cumpridas.

- Quase que eu fiz as reservas no Booking sem possibilidade de cancelamento, porque eram bem mais baratas.  Teria me ferrado em grande estilo. No fim das contas gastei apenas 193 dólares de uma conta de mais de 1200. Mais uma lição, essa possibilidade de cancelamento a baixo custo ou gratuito deve ser encarada como um seguro. Vale pagar mais para ter.

Fechando, depois de resolvida a questão do carro, alugamos um Celtinha básico e trocamos de destino. Ao invés do Uruguai, fomos para a serra gaúcha, bem mais perto. Infelizmente sem o velho, que com a conta do carro largou os planos de viagem. Mas essa outra viagem já é tema de outra postagem.

Fotinhos da viagem mal acabada.

Parada na lanchonete em Cristal, antes do defeito. Todo mundo na maior alegria.




Já no acostamento, esperando o guincho que nunca chega.






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