terça-feira, 20 de dezembro de 2016

3a Viagem Vitória a Porto Alegre - ida, dia 2

Um belo dia de viagem! Foram 730 km percorridos em 12 horas de motocada.

Saí do Rio pela Dutra, o que já colocou a subida da Serra das Araras no cardápio. A descida dessa serra é xarope, com muitos radares e caminhões lentos, mas a subida é muito legal! Tem um ou outro radar, mas não me pareceu que atrapalhem as belas curvas longas, ótimas para deitar a moto!



Parei no topo da Serra das Araras para um café, lanche a gasolina, e depois segui pela Dutra até Guaratinguetá, já no estado de São Paulo. Ali entrei num dos principais objetivos da viagem - percorrer a estrada de Cunha a Paraty, que era um dos roteiros para uma boa motocada que coloquei aqui no blog e ainda não tinha percorrido. E olha, valeu muito a pena! Que estrada fenomenal!

Na verdade são 3 ou 4 trechos com características diferentes. De Guaratinguetá a Cunha a estrada é um motódromo. Asfalto ótimo, longas faixas adicionais e curvas sensacionais para deitar tudo que tiver coragem!




De Cunha ao Parque, a estrada fica mais estreita e as curvas bem mais fechadas, mas continua com bom pavimento. Aí fui com mais prudência porque vez ou outra era surpreendido com uma curva muito mais fechada que as demais. Aqui e ali abriam belos horizontes.


No Parque a estrada passa a ser de bloquetes de concreto, e a gente passa a transitar no meio da floresta, que é linda! Nesse trecho tem uma porção de "pontes para macacos", como apelidei, que creio que sirvam para os animais atravessarem de um lado a outro com segurança. E em vários trechos tem cerca nas laterais da pista para impedir que atravessem pelo asfalto. Boas medidas de proteção da fauna!


Mais pra baixo, depois do parque, a estrada vira um "caminho de burro"! É asfaltada, mas tem largura de um carro, nenhuma sinalização e muitas curvas super fechadas. Bom, nada que deva assustar, dá pra passar tranquilo. 

Parei para abastecer no entorno de Paraty, e para minha surpresa o posto não tinha gasolina comum nem aditivada, só Podium, a um preço obsceno. Achando que conseguiria fácil mais adiante, continuei no caminho. O próximo posto, uns 5km depois, também não tinha nada! Ainda não tinha entrado na reserva, então fui adiante, sabendo que depois de entrar ainda poderia rodar com toda segurança uns 50 ou 60km. Mas o trecho me surpreendeu, pois não apareceu posto algum até as cercanias de Ubatuba, 70km depois de Paraty. Esse lance infelizmente agregou um estressinho desnecessário a um trecho super bonito da viagem. 

Com esse lance de encontrar um posto, e também porque passei nessa estrada toda ano passado, acabei não fotografando nada da BR-101. E é uma estrada linda, em que aqui e ali abrem praias muito bonitas. 

Da 101 parti para mais uma estrada que também era objetivo dessa viagem - a subida de Ubatuba a Taubaté. Mais uma vez, estrada sensacional! 

Logo no início tem um trecho super-hiper-mega travado de subida de serra no meio da floresta. 



Depois dessa subida forte e travada, vem uns 70km de estrada em boas condições, cheia de curvas de média e alta. Uma delícia para motocar! Deu pafa entender porque me recomendaram tanto! 

De Taubaté peguei a Carvalho Pinto até a Dom Pedro I. Estradão da melhor qualidade como só tem em São Paulo. Uma beleza para a turma do 299, mas na verdade não é bem meu tipo. Eu prefiro as estradinhas simples e pitorescas! 

Na Carvalho Pinto tinha no horizonte à frente uma mega nuvem de chuva... Cada curva para esquerda me aproximava dela, as para direita deixavam ela para trás. Fui avançando na torcida que ela não caísse na minha cabeça, e dei sorte, não caiu. Mas na Dom Pedro I não teve jeito. O tempo estava super fechado à frente, era óbvio que ia chover. Parei para abastecer e coloquei todas as capas, até as luvas de látex. E logo depois veio a chuva, que me acompanhou até quase em Campinas. 

Nesse trecho me aconteceu mais uma para dar esperança na espécie humana. Eu carrego uma mala no lugar do garupa, amarrada com uma rede elástica. Ela fica batendo nas minhas costas quase o tempo todo. No meio da chuva, andando a uns 100 ou 110 km/h, eu subitamente sinto a falta daquela presença nas costas. Coloco a mão esquerda ali e... Nada. Cadê a mala? Parei logo no acostamento e constatei o pior - o elástico tinha se soltado nas presilhas da frente e a mala tinha caído. Por incrível que pareça o elástico ainda estava ali na moto, também a capa de chuva da mala (como ela caiu sem a capa eu não entendo). Fiquei pensando um pouco o que fazer. Não podia retornar com a moto, a Dom Pedro é uma autoestrada duplicada. Não sabia se a mala recém tinha caído ou se eu só tinha percebido agora. Resolvi deixar a moto no acostamento e voltar um pouco a pé. 

Não andei 50 metros e uma senhora parou seu carro e me avisou - "sua mala caiu lá debaixo do viaduto e um senhor está pegando ela". Não entendi o significado exato desse "está pegando ela", e segui caminhando para o tal do viaduto, uns 300 metros adiante, depois de uma curva. 

Novamente não andei nem 20 metros, e chega uma pequena pickup, que para ao meu lado. A janela abre e uma moça me entrega minha mala intacta. Sensacional, não é mesmo? Ainda existe esperança para a humanidade! Imagina que essas pessoas pararam seu carro numa autoestrada, debaixo de chuva, para resgatar minha maleta e me entregar! Achei fantástico. Agradeci um milhão de vezes!

Cheguei em Campinas perto de 18:30, e contei com o Google Maps para achar meu hotel. Não foi muito difícil, só tinha a xaropada de parar a moto, retirar uma luva, pegar o celular, olhar o mapa e tentar memorizar umas manobras à frente. Como minha memória não é grande coisa, é sempre um desafio. 

Bonita cidade me pareceu Campinas. De algum modo me lembrou Curitiba. E gostei também do Hotel Campinas Residence. Escolhi pelo Booking pelo preço (85 reais com café e estacionamento), e me surpreendi. Ótimo atendimento e muito boas as instalações. Quarto confortável, banho revigorante. Isso é tudo que se quer depois de um dia inteiro na estrada! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário