Planejei a ida para ser feita em quatro dias, e o retorno um pouco mais direto, em três. Como sempre enchi o trajeto de estradinhas de interior e serras. Parece não restar mais muitas estradas entre Vitória e Porto Alegre que eu não tenha passado, mas ainda dei jeito de colocar algumas desconhecidas no trajeto no 2o dia da ida. Nos outros dias repeti uma porção de estradas que eu gosto muito.
Trecho para o 1o dia de viagem:
De Vitória a Barra Mansa (RJ) pela Rodosol e BR-393 - 600 km
Relato do 1o dia
O primeiro dia de viagem tem sempre uma aura especial. Mais do que qualquer outro dia, ele representa a vitória sobre os medos que todos temos do desconhecido, do inesperado, daquilo que pode acontecer mas não se quer que aconteça. Quando a gente cruza o portão de casa com a moto, se lança no mundo e descobre em si uma força que no dia a dia nem sabe ter! Mesmo com toda a experiência que eu já tenho com viagens longas de moto, e em especial com viagens de Vitória a Porto Alegre, ainda me emociono nas partidas.
Saí bem cedo, por volta de 6:30, e peguei a Rodosol no ES até onde não podia mais - Marataízes. Pelo caminho passei por algumas das mais belas praias capixabas, como Meaípe, Anchieta e Piúma, mas sem parar. Em algumas delas as pessoas estavam fazendo tapetes de Corpus Christi pelas ruas e eu passei bem devagar para ver um pouco. Em Marataízes peguei a estrada em direção à BR-101, e depois de um pequeno trecho nesta enveredei para o interior do Rio de Janeiro. Cruzei a primeira divisa de estado entre Ponte do Itabapoana e Santo Eduardo, dois povoadinhos no meio do nada e depois percorri a BR-393 inteira, passando por Santo Antônio de Pádua, Além Paraíba, Três Rios e Vassouras, até desembocar em Volta Redonda e Barra Mansa.
O tempo esteve ótimo em todo o trajeto, a moto rodando perfeita, as estradas vazias, e não tive nenhum problema o dia todo. Só o mais puro prazer da pilotagem! Como foi o primeiro dia de estrada me atrapalhei um pouco com as traquitanas eletrônicas - câmera, celular com GPS, carregador no guidon. Tinha que pegar o jeito de ligar e desligar a câmera andando, sem parar a moto, e usando apenas uma das mãos. Também precisei ficar cuidando do carregamento da bateria do celular, porque algum problema na tomada de 12V da moto fazia o carregamento parar, e aí o Google Maps consumia a bateria com uma velocidade inesperada. Por uma ou duas vezes o celular, já velhinho e com bateria cansada, apagou sozinho. Aí eu precisava parar no acostamento para ligar novamente e carregar o mapa.
Ao contrário de tantas outras vezes, desta vez a parada na Lanchonete Trevo estava bem concorrida. Nunca tinha visto essa lanchonete tão cheia! Saída de feriado de Corpus Christi explica isso. Tinha até uma linda Lamborghini no estacionamento. Deve ser divertido viajar num brinquedo desses!
Outro ponto curioso deste dia foi a parada em Barra Mansa. A cidade toda fica na beira da linha de trem que abastece a Companhia Siderúrgica Nacional. Parei para abastecer ao chegar e me surpreendi com um daqueles enormes trens de 200 vagões passando e buzinando. É um trem exatamente igual aos trens da linha da Vale de Vitória a Minas, mas em Barra Mansa eles passam bem dentro da cidade, bem ao lado da gente. Depois de instalado no hotel fui fazer um lanche em um trailer e atrás dele havia um pátio de manobra das locomotivas. Durante todo o lanche aquele imenso monstro a diesel ficou gorgolejando em baixa rotação e a rua toda vibrava junto. Achei que teria uma noite complicada, já que meu hotel ficava a apenas um quarteirão da linha, mas o barulho dos trens não chegava nele, ainda bem.
Mais detalhes no vídeo.
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