terça-feira, 3 de dezembro de 2019

7a viagem de Vitória a Porto Alegre - Planejamento da ida

Sim, eu sei que sete viagens com a mesma origem e destino é algo muito repetitivo. Então, qual a graça de fazer a mesma viagem tantas vezes?

Bom, em primeiro lugar, a graça está em estar na estrada com minha moto. Só isso para mim já é um grande prazer. Eu sonho por meses com esses momentos! Mal posso esperar por ter o sol nas costas, o vento no rosto, a moto rodando suave ao meu controle, as paisagens vindo em sucessão em frente aos olhos, os milhares de pensamentos na imensidão do capacete!

Mas tem mais. Cada viagem é única, embora a origem e destino sejam os mesmos. Me esforço para colocar em cada viagem estradas diferentes, trechos que nunca passei ou que, se passei, gostaria de repetir. Minhas viagens não são sobre destinos, são sobre trajetos. São coleções de estradas que quero passar. Os pontos de parada e pernoite são meras contingências, é onde acho que a noite vai me alcançar (calculo cerca de 10 horas de pilotagem efetiva pela estimativa do Google Maps).

No planejamento inicial essa será uma viagem de cinco dias. Ou melhor, quatro dias e meio, já que o último tem menos da metade da quilometragem dos outros. Se fizesse pelas autoestradas sem graça faria em três dias, mas quem está com pressa? Se a graça está em andar e descortinar horizontes, quanto mais durar e quanto mais estradas novas tiver, melhor.

Dia 1 – Vitória/ES a Mangaratiba/RJ – 614 km em 10h12

Esse é um trecho difícil de colocar estradas novas, porque já passei muitas vezes e nem tem tantas alternativas. Mas lembrei que passei na estrada de Japeri a Miguel Pereira e Paty do Alferes no sentido sul-norte em alguma das viagens anteriores e me encantei com a subida daquela serra. Dessa vez vou fazer em sentido contrário, descendo a serra até chegar em Mangaratiba. Espero paisagens fabulosas aparecendo na minha frente a cada uma das curvas fechadíssimas daquele trecho.

 

Dia 2 – Mangaratiba/RJ a Piracicaba/SP – 584 km em 10h11

Esse vai ser um trecho todo novo. Subo de Mangaratiba para Rio Claro e dali por dentro, pela estrada antiga passando por Bananal e Silveiras até cruzar a Dutra perto de Cachoeira Paulista. Daí subo a Itajubá, passo por Pouso Alegre, e desta vou até Limeira e Piracicaba. Nunca passei por nenhuma dessas estradas, então espero que seja um dia bem legal!


Dia 3 – Piracicaba/SP a Jaraguá do Sul/SC – 602 km em 10h09

Nesse dia tem poucos trechos novos, mas a graça mesmo está em um que já fiz umas tantas vezes mas não me canso – a estrada Rastro da Serpente. No começo o trecho é novo - de Piracicaba para Itapetininga eu nunca rodei. Mas é bem capaz de ser aquelas mega-estradas paulistas que não têm graça nenhuma, então não espero muito. De Itapetininga vou a Capão Bonito e aí começa a linda e deliciosa Rastro da Serpente, com suas mais de 1200 curvas. Passo por Curitiba sem parar e sigo para São Bento do Sul. Daí a Jaraguá do Sul também é trecho novo para mim, vamos ver se é legal. Já desci de São Bento a Joinville (Serra de Dona Francisca), vamos ver se essa outra estrada também vale a motocada.


Dia 4 – Jaraguá do Sul/SC a Cambará do Sul/RS – 507 km em 10h00

Nesse trecho catarinense também começa a ficar difícil de encontrar vias que ainda não passei. Mas consegui uma porção evitando ao máximo as velhas estradas muito conhecidas - BR-101 e a BR-116. Então saio de Jaraguá do Sul e sigo por dentro, passando por Pomerode, Brusque, Rancho Queimado e Anitápolis até Braço do Norte. Desta cidade vou a Tubarão e aí volto para a BR-101 e sigo até quase a divisa com o RS. Subo a Cambará do Sul passando por Praia Grande, embora essa seja uma estradinha de terra e minha moto não seja nada favorável ao off-road. Mas um trechinho apenas não vai me incomodar. Já fiz vários outros trechos assim em outras viagens sem drama.


Dia 5 – Cambará do Sul/RS a Porto Alegre/RS – 232 km em 03h43

O pernoite em Cambará do Sul é para poder ir ao Cânion Fortaleza bem cedo! Já fui com a família toda nesse cânion duas vezes uns anos atrás, e nas duas demos um imenso azar de encontrar lá uma neblina tão fechada que não se via nada cinco metros adiante. Então pretendo sair do hotel cedinho, dar uma olhada no cânion, tirar uma porção de fotos e então seguir para o destino final, Porto Alegre. Passo pelo entorno de São Francisco de Paula e desço pela estrada de Taquara. Já passei nesse trecho de carro mas nunca de moto. Lembro que tem boas curvas, mas que de Taquara a Porto Alegre é um monte de retas sem nenhuma graça. Mas nesse ponto a graça já é outra – chegar na casa do meu pai e reencontrar todo meu povo!